Caminho por entre a multidão adormecida, e me pergunto:
Qual é o rosto de Cristo?
Ontem na feira, milhares de rostos esculpidos
desfilavam por entre meus olhos inquietos e
A pergunta insistente
Martelava em minha cabeça,
Atravessava a garganta,
Intrometia-se por entre veias
E artérias do coração.
Meus passos ágeis me levavam por caminhos que nunca trilhei.
Uma sucessão de imagens, rostos distorcidos, tal qual chuva de
Estrelas salpicavam minha mente em noite de luar.
De minha janela observava tranqüila
O vai-vem da multidão,
No seu passo apressado minha mente se confundia.
Aturdida, tentava copilar
Aquelas palavras que jorravam
Qual água da fonte
Por entre as páginas da estação,
O vento frio soprava,
As folhas saltitavam por sobre a calçada,
O sol empinado qual pipa travessa
Dançava no céu primaveril,
Noite e dia se misturavam entre
As pálpebras de meu olhar...
E aquela gente agitada.
Como eu, também
Buscava seu lugar.
E no rosto de toda aquele gente
Um facho de luz iluminou-me
A alma,
Aquele amontoado de gente
Era a vida entrelaçada
Que contava suas histórias,
Pelas ruas agitadas
O rosto de Cristo levava
Nas entrelinhas do seu caminhar.
Que loucura!
Diante de mim ele se revelava
Com o meu,
Com o teu,
Com o nosso jeito de olhar.
Não importa em que direção me voltasse,
O rosto de Cristo ali estava,
A minha frente a caminhar...
Regina Célia Suppi – Autora de Artigos, Contos, Crônicas, Poemas, Poesias, Reflexões. E do livro: Em Cada Fio Uma Parábola (edição esgotada).