domingo, 16 de novembro de 2014

Dom Eugênio Beccegato: Um anjo na vida de Madre Mastena

Ó morte estás vencida pelo Senhor da vida.

Com gratidão recordamos hoje o “páscoa eterna” de Dom Eugênio Beccegato, Cofundador da Congregação das Religiosas da Sagrada Face.

[Dom Eugênio nasceu a 23 de dezembro de 1862 em Fossalta di Trebaseleghe e faleceu com a idade de 81 anos a 17 de novembro de 1943.]

Um homem de Deus que teve importante lugar na vida de Madre Mastena. Os momentos mais cruciais vividos pela Madre foram de forma muito intrínseca partilhado e sentido por Dom Eugênio. Ele esteve presente em toda trajetória da vida religiosa da Madre, desde as Irmãs da Misericórdia, no Mosteiro das Cistercienses e especialmente na fundação da modesta Congregação da Santa Face.
Madre Mastena guardava especial carinho por ele e manifestava esse respeito às suas filhas, recomendando-as a invocá-lo depois de sua morte para que o mesmo protegesse a cara Congregação por ele fundada.

Assim se expressou a Madre em carta às irmãs logo após da morte de seu diletíssimo pai.

Com o coração dilacerado, dou-vos a dolorosa notícia: o nosso Veneradíssimo Fundador, o nosso terníssimo Pai, voou ao Céu! [...] (Carta escrita a 19-11-1942)

Em seguida, a Madre recomendava às suas filhas que praticassem as virtudes por ele deixada, tudo em honra à sua veneradíssima memória.

“Nunca queixar-se. Sempre contentes com o que temos e permite o doce Esposo Jesus. Não queixar-se com ninguém, de ninguém e por nenhum motivo. Não queixar-se nem interniormente, nem exteriormente. O nosso Veneradíssimo Fundador praticou isso em grau verdadeiramente heroico. Imitemo-lo.” (Carta escrita a 19-11-1942)

Em outra ocasião, a Madre escrevia às suas filhas dizendo que embora muito atarefada, sentia a tangível assistência amorosa do Veneradíssimo Fundador, do dulcíssimo nosso Pai.

É grande a dor, grande, grande, embora ninguém se dê conta. Não me parece verdade e o coração e o pensamento, se bem que sempre unidos ao celeste Esposo Imaculado, não podem um instante sequer afastar-se do amadíssimo Pai. .” (Carta escrita a 21-12-1943)

Da fato, o carinho e respeito pelo Bispo de Ouro espalha-se até os dias de hoje por nós que damos continuidade ao sonho de Madre Mastena. Queremos elevar aos Céus a fervorosa ação de graças pelas virtudes de tão Veneradíssimo Pai e dele pedir as afetuosas preces a Deus por nossa Congregação e pela modesta fundação do Ramo Masculino, os Religiosos da Sagrada Face. A Madre assim recomendava:
I
nvocai-o, rezai a ele; Ele está conosco e junto a nós mais do que antes, e mais do que antes nos assistirá, nos ajudará em todas as nossas necessidades. (Carta escrita a 21-12-1943)

Explicação do logotipo do Ano Vocacional e da Alegria

O Ano da Vida Consagrada, convite especial que o Papa Francisco dirige aos Religiosos e Religiosas, é um tempo de graça (Kairós) especialíssima, é um voltar à fonte do nosso chamado para encher-nos da alegria daquele convite: “Vem e segue-me!” (Mt 19, 21).
A carta circular para o Ano da Vida Consagrada nos recorda isso: “Ao chamar-vos, Deus diz-vos: ‘Tu és importante para mim, eu amo-te, conto contigo!’ Jesus diz isto a cada um de nós! Disto nasce a alegria! A alegria do momento do qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que para Ele nós não somos números, mas pessoas; é sentir que é Ele que nos chama.” (Alegrai-vos n° 4).
Motivados por este convite, a Família Religiosa da Sagrada Face quer colocar-se a caminho, como uma semeadora a lançar sementes vocacionais, por meio de um Ano Vocacional e da Alegria. Quer “sair”, como Jesus saiu, testemunhando o amor do Pai, para que muitos homens e mulheres, ao fazerem a experiência deste Deus-Amor, sintam-se chamados a também saírem de si mesmos doando-se ao serviço do Reino.
O logotipo quer ser para este ano, sinal de uma caminhada que começa com o Batismo e que nos leva a uma entrega radical, cujo caminho é a cruz.

O logotipo foi desenhado pelo Noviço Dannilo Luiz e traz os seguintes significados.


1-    Água:

Como nos afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC) n° 1218: “Desde a origem do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura a vê como ‘incumbada’ pelo Espírito de Deus: Já na origem do mundo vosso Espírito pairava sobre as águas para que elas recebessem a força de santificar”. No logotipo a água recorda a ação constante do Espírito Santo que, por meio do nosso Batismo, nos insere num caminho de discipulado e missão. E, posteriormente, para alguns é convite a uma entrega mais profunda e radical. Somos introduzidos, pelo Vaticano II, num novo sentido da Vida Religiosa quando este nos mostra que sua consagração peculiar não é, senão, uma expressão mais profunda e plena da consagração batismal.

2-    Barco

O barco é símbolo da missão, mas também do chamado. Foi numa barca que Jesus encontrou Simão (a quem mais tarde deu o nome de Pedro), e seu irmão André e chamou-os para segui-Lo. Indo mais adiante, Jesus encontra Tiago e João que estavam na barca consertando as redes. Também a estes, Jesus convida a segui-Lo. (cf. Mt 4, 18-22). As “barcas” hoje são outras, mas não é outro o Jesus que passa! É o mesmo que chamou Pedro, André, Tiago, João, Mastena, cada um de nós e que continuará passando e chamando tantos outros(as) para o seu seguimento. O barco nos convida ainda a sairmos: “Ide para as águas mais profundas!” (Lc 5, 4). Nesta perspectiva afirma o papa Francisco: “hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.” (Evangelli Gaudium, n°20).

3-    Cruz

No caminho do seguimento de Cristo, a Cruz não é opção, mas condição essencial: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga”. (Mt 16, 24). Não existe Cristo sem Cruz, portanto, não pode haver verdadeiro seguimento de Cristo sem o “tomar a cruz”. Embora pareça paradoxal, a cruz é fonte de alegria, pois com Jesus este instrumento de morte e de dor, tornou-se instrumento de esperança e vida. O papa nos lembra do grande perigo de um seguimento sem a Cruz: “Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, [...] mas não discípulos do Senhor.” (Alegrai-vos, n° 6). 

4-    Personagem (pessoa chamada)

Neste(a) personagem, que não apresenta um rosto definido, temos um tríplice significado. Primeiro quer ser expressão de todos nós, chamados(as) pelo Senhor a permanecermos com Ele. Quer também expressar duas outras personagens importantes, que ao falarmos de vocação e alegria não podiam ser esquecidas: Maria, a feliz: “Alegra-te, ó cheia de graça! O Senhor é contigo!” (Lc 1, 28). E Madre Mastena que expressivamente exclamou: “Vivei na santa alegria!”. Recorremos a elas como modelos para a nossa fidelidade vocacional. O (a) personagem aparece de braços abertos que traduz a alegria do encontro com o Senhor: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. [...] Com Jesus Cristo a alegria renasce sem cessar”. (Evangelii Gaudium, n° 1). Por fim, o personagem apresenta um dos braços unidos a Cristo (à sua Sagrada Face), para lembrar-nos aquela preciosa recomendação do Mestre: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 15, 5). É este o segredo do seguimento feliz: permanecermos unidos à videira, a qual nos fornece a seiva da alegria e que não nos deixa “secar”.

5-    Face de Cristo

É o centro do Logotipo. É a nossa identidade enquanto Família Religiosa da Sagrada Face. É o Mestre que nos olha profundamente e nos chama! É o motivo da nossa vocação e missão: “propagá-la, repará-la e restabelecê-la” com a alegria própria de discípulos-missionários: “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”. (Doc. Aparecida, n° 18).

6-    Colunas Coloridas

As colunas nos recordam a constante presença do Senhor que não nos abandona, mas que caminha a nossa frente: “Javé ia na frente deles: de dia, numa coluna de nuvem, para guia-los; de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los. Desse modo, podiam caminhar durante o dia e a noite”. (Êx 13, 21). Suas cores diversas, recordam ainda a Alegria da qual devemos ser testemunhas nos quatro cantos da terra. Alegria esta, que o papa afirma ser sinal da Vida Religiosa Consagrada: “Quero dizer-vos uma palavra e a palavra é alegria. Onde estão os consagrados, [...] religiosos e religiosas, [...] há sempre alegria, há sempre júbilo! É a alegria do vigor, é a alegria de seguir Jesus; a alegria que nos dá o Espírito Santo, não a alegria do mundo.” (Alegrai-vos n° 12).

Noviço Dannilo Luiz
Religiosos da Sagrada face
Memória Litúrgica de S. Pio de Pietrelcina
23 de Setembro de 2014