segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Reencontro das duas chamas vivas de amor

Foi como se dois fogos se ateassem um ao outro, dando origem a um incêndio de amor.

Há cerca de 74 anos, acontecia em Roma um encontro que marcou a história de duas mulheres propagadoras do Rosto de Jesus. Madre Mastena procurava hospedagem para suas irmãs em Roma e se depara com o Instituto Espírito Santo onde tinha por superiora a Madre Pierina de Micheli. Uma não sabendo o que a outra fazia, tinham o mesmo objetivo e missão: tornar a Face de Cristo conhecida pelos quatro cantos da Terra. E como se deu esse encontro? A Irmã Fernanda Marabello relata no livro que ela mesma escreveu os detalhes do encontro.

Eis o testemunho na íntegra: AQUI.

Há quase 75 anos de historia percorridos, tendo vencido os desafios do tempo “Kronos”, tendo avançado oceano a fora, tendo renascido uma nova geração e agora, no tempo do “Kairós”, tempo de graça, nós Religiosos da Sagrada Face e Irmãs Filhas da Imaculada Conceição de Buenos Aires, neste solo sertanejo que separados por apenas uma fronteira de Estado, mas unidos na Espiritualidade e Amor à Sagrada Face de Jesus, atualizamos num gesto de humildade, como fizeram na primeira vez,  o encontro das duas chamas vivas de amor inconsumível pelo Santo Rosto de Jesus.

Queremos elevar a Deus nossa oração e gratidão por tamanha dádiva que agora se dá e queremos unidos, suplicar a intercessão destas duas grandes mulheres, bem-aventuradas que gozam das alegrias de Deus contemplando o Rosto do seu Filho. Que elas intercedam por nós, pela nossa vocação e pelas nossas Congregações. Tenhamos o mesmo sentimento e amor pela Sagrada Face como elas tiveram e vivenciaram na prática da caridade aos pobres e no amor às Escrituras e à Eucaristia. Vivamos hoje o sonho de Madre Mastena e de Madre Pierina de Micheli.






Relato do Encontro de Madre Pia Mastena e Madre Pierina de Micheli

“A Congregação vai progredindo, têm pedidos para abrir novas casas. É preciso, porém, que as irmãs sejam formadas para que as obras funcionem conforme a lei civil. A possibilidade era pouca, mas a Madre conhecia muito bem a importância de ter freiras preparadas e competentes profissionalmente. Matriculou sete irmãs num curso por correspondência. As escolinhas começaram e elas começaram a estudar com muita boa vontade, ajudadas pela Madre e por um professor. Todas conseguiram se prepara para o exame final. Duas fizeram o exame de magistério na cidade de Verona, e outras cinco a Madre pensou em leva-las para Roma. Antes, ela foi a Roma para procurar um Instituto onde matriculá-las para o exame final e também hospedagem. Com ajuda do bom Padre Milani logo encontrou o Instituto: “Magisterio Reginae Victoriae”, das Irmãs Salesianas. O mais difícil foi encontrar a hospedagem.

A Madre procurou por todos os lugares, mas sem resultados, até o dia em que passou na frente do Instituto Espírito Santo. Este Instituto era da Congregação das Irmãs de Maria Imaculada, de origem argentina, a Superiora era Madre Pierina de Micheli.

Madre Pierina propagava o culto à Sagrada Face com as medalhas do Rosto de Cristo do Santo Sudário, feitas pelo artista José enrique Bruner de Trento. Bruner, no ano Santo de 1933 fotografou o Santo Sudári, descobrindo as três dimensões da figura de Cristo impressas nele com especial referência ao Santo Rosto.

A Madre Fundadora também estava difundindo, desde 1933, a mesma imagem do artista Trentino.
Ele confiou a Masdre Mastena, que quando estava revelando a foto do Sudário viu a positiva do Rosto de Cristo e foi a positiva que ele realizou no seu trabalho. Madre Pierina e Madre Maria Pia, sem saber uma o que a outra fazia, estavam comprometidas no mesmo apostolado: difundir no mundo o culto à Sagrada Face de Cristo. Madre Pierina teve revelações desta devoção.

Não tendo o dinheiro necessário para fazer cunhar as medalhas com a efígie da Sagrada Face, pediu ao Senhor que se fosse esse o seu desejo, a difusão deste culto por meio das medalhas, lhe fizesse chegar o dinheiro necessário.

De maneira quase milagrosa, ela encontrou o dinheiro e assim teve a possibilidade de encomendar as medalhas numa firma de Milão – Italia.

Apresentando-se a Madre à portaria do Instituto, pediu para falar com a Superiora, mas a irmã que atendeu disse que era impossível atende-la, pois a Superiora estava ocupada. A esta resposta a Madre tirou da bolsa um bilhete, escreveu algumas palavras e pediu que fosse entregue à Superiora.
O bilhete tinha o emblema da Congregação com a Sagrada Face e ao redor as palavras: “Ó Deus, nosso protetor, olha para Face do Teu Cristo” e em baixo a escrita: Congregação das Irmãs da Sagrada Face. Quando Madre Pierina recebeu este bilhete, emocionou-se e ficou cheia de alegria.
Não sabia que existisse uma Congregação com tal nome, nem uma criatura que como ela, admiradora da Face Divina de Jesus e propagadora do seu culto.

É sempre Deus que conduz os acontecimentos humanos por caminhos extraordinários.

Madre Pierina correu logo à portaria para receber a cara hóspede. Quando viu brilhar no peito de Madre Mastena a Cruz com o Rosto de Cristo, ajoelhou-se aos pés, pedindo-lhe a sua bênção. A Madre confusa e perplexa, repetiu o mesmo geto. Naquele instante se podia contemplar um quadro maravilhoso, ver duas criaturas dotadas por Deus de inestimáveis dons, prostradas por terra com tanta humildade, achando-se indigna uma da outra.

Quem poderá reproduzir o íntimo colóquio das duas ao respeito do culto ao Rosto de Cristo, e das revelações que Jesus dignou-se privilegiá-las? Por certo ninguém!

A Superiora do Instituto Espírito Santo, fez votos que também a Madre realizasse o seu desejo de abrir uma casa em Roma. E aqui perto de nós, disse ela. Em menos de um ano, o projeto estava realizado. Em Roma, Monsenhor Padovani, da Sagrada Congregação, sugeriu à Madre que todas  as irmãs tivesse a Cruz com o Rosto de Cristo como a Fundadora.

A forma da Cruz da Cruz idealizada pela Madre não estava ainda pronta, assim, para preparar as primeirasCruzes, para todas as religiosas, a Madre usou as medalhas da Sagrada Face oferecidas por Madre Pierina, que ficou muito satisfeita em ter colaborado com esta realização.”

Abertura do Ano Vocacional e da Alegria em Cajazeiras-PB

Dentro das grandes comemorações do ano, está o nosso agradecimento a Deus pela vocação de cada um de nós e ao mesmo tempo, a contínua oração que fazemos para que sejamos fieis e perseverantes, tanto quanto, para que o Senhor envie mais operários para a sua Messe. 
Neste sentido, iniciamos as comemorações do Ano Vocacional e da Alegria no dia 29 de novembro com um Lucernário à noite. Participaram deste momento, os jovens que frequentam nossa comunidade, além do grupo de crismandos da Paróquia de São José Operários, acompanhados pela Irmã Lúcia.
Foi um momento rico de oração e louvor a Deus presente na nossa história e visivelmente presente na Eucaristia. A oração se deu em dois momentos, contemplando inicialmente a alegria que transbordou do coração da Beata Mastena e fazendo a explicação do logotipo do Ano Vocacional.
O outro momento se deu observando os vários testemunhos de homens e mulheres, alguns santos e outros que em vida deram o testemunho da alegria e da santidade como São João Paulo II, Beata Dulce dos Pobres, São Padre Pio, Beata Mastena, Beata Lindalva, Dom Eugênio Beccegato, Irmã Fernanda, entre outros. Por fim, contemplamos as palavras do Papa Francisco e concluímos com a adoração e Bênção do Santíssimo. 









domingo, 16 de novembro de 2014

Dom Eugênio Beccegato: Um anjo na vida de Madre Mastena

Ó morte estás vencida pelo Senhor da vida.

Com gratidão recordamos hoje o “páscoa eterna” de Dom Eugênio Beccegato, Cofundador da Congregação das Religiosas da Sagrada Face.

[Dom Eugênio nasceu a 23 de dezembro de 1862 em Fossalta di Trebaseleghe e faleceu com a idade de 81 anos a 17 de novembro de 1943.]

Um homem de Deus que teve importante lugar na vida de Madre Mastena. Os momentos mais cruciais vividos pela Madre foram de forma muito intrínseca partilhado e sentido por Dom Eugênio. Ele esteve presente em toda trajetória da vida religiosa da Madre, desde as Irmãs da Misericórdia, no Mosteiro das Cistercienses e especialmente na fundação da modesta Congregação da Santa Face.
Madre Mastena guardava especial carinho por ele e manifestava esse respeito às suas filhas, recomendando-as a invocá-lo depois de sua morte para que o mesmo protegesse a cara Congregação por ele fundada.

Assim se expressou a Madre em carta às irmãs logo após da morte de seu diletíssimo pai.

Com o coração dilacerado, dou-vos a dolorosa notícia: o nosso Veneradíssimo Fundador, o nosso terníssimo Pai, voou ao Céu! [...] (Carta escrita a 19-11-1942)

Em seguida, a Madre recomendava às suas filhas que praticassem as virtudes por ele deixada, tudo em honra à sua veneradíssima memória.

“Nunca queixar-se. Sempre contentes com o que temos e permite o doce Esposo Jesus. Não queixar-se com ninguém, de ninguém e por nenhum motivo. Não queixar-se nem interniormente, nem exteriormente. O nosso Veneradíssimo Fundador praticou isso em grau verdadeiramente heroico. Imitemo-lo.” (Carta escrita a 19-11-1942)

Em outra ocasião, a Madre escrevia às suas filhas dizendo que embora muito atarefada, sentia a tangível assistência amorosa do Veneradíssimo Fundador, do dulcíssimo nosso Pai.

É grande a dor, grande, grande, embora ninguém se dê conta. Não me parece verdade e o coração e o pensamento, se bem que sempre unidos ao celeste Esposo Imaculado, não podem um instante sequer afastar-se do amadíssimo Pai. .” (Carta escrita a 21-12-1943)

Da fato, o carinho e respeito pelo Bispo de Ouro espalha-se até os dias de hoje por nós que damos continuidade ao sonho de Madre Mastena. Queremos elevar aos Céus a fervorosa ação de graças pelas virtudes de tão Veneradíssimo Pai e dele pedir as afetuosas preces a Deus por nossa Congregação e pela modesta fundação do Ramo Masculino, os Religiosos da Sagrada Face. A Madre assim recomendava:
I
nvocai-o, rezai a ele; Ele está conosco e junto a nós mais do que antes, e mais do que antes nos assistirá, nos ajudará em todas as nossas necessidades. (Carta escrita a 21-12-1943)

Explicação do logotipo do Ano Vocacional e da Alegria

O Ano da Vida Consagrada, convite especial que o Papa Francisco dirige aos Religiosos e Religiosas, é um tempo de graça (Kairós) especialíssima, é um voltar à fonte do nosso chamado para encher-nos da alegria daquele convite: “Vem e segue-me!” (Mt 19, 21).
A carta circular para o Ano da Vida Consagrada nos recorda isso: “Ao chamar-vos, Deus diz-vos: ‘Tu és importante para mim, eu amo-te, conto contigo!’ Jesus diz isto a cada um de nós! Disto nasce a alegria! A alegria do momento do qual Jesus olhou para mim. Compreender e sentir isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amado por Deus, sentir que para Ele nós não somos números, mas pessoas; é sentir que é Ele que nos chama.” (Alegrai-vos n° 4).
Motivados por este convite, a Família Religiosa da Sagrada Face quer colocar-se a caminho, como uma semeadora a lançar sementes vocacionais, por meio de um Ano Vocacional e da Alegria. Quer “sair”, como Jesus saiu, testemunhando o amor do Pai, para que muitos homens e mulheres, ao fazerem a experiência deste Deus-Amor, sintam-se chamados a também saírem de si mesmos doando-se ao serviço do Reino.
O logotipo quer ser para este ano, sinal de uma caminhada que começa com o Batismo e que nos leva a uma entrega radical, cujo caminho é a cruz.

O logotipo foi desenhado pelo Noviço Dannilo Luiz e traz os seguintes significados.


1-    Água:

Como nos afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC) n° 1218: “Desde a origem do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é a fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura a vê como ‘incumbada’ pelo Espírito de Deus: Já na origem do mundo vosso Espírito pairava sobre as águas para que elas recebessem a força de santificar”. No logotipo a água recorda a ação constante do Espírito Santo que, por meio do nosso Batismo, nos insere num caminho de discipulado e missão. E, posteriormente, para alguns é convite a uma entrega mais profunda e radical. Somos introduzidos, pelo Vaticano II, num novo sentido da Vida Religiosa quando este nos mostra que sua consagração peculiar não é, senão, uma expressão mais profunda e plena da consagração batismal.

2-    Barco

O barco é símbolo da missão, mas também do chamado. Foi numa barca que Jesus encontrou Simão (a quem mais tarde deu o nome de Pedro), e seu irmão André e chamou-os para segui-Lo. Indo mais adiante, Jesus encontra Tiago e João que estavam na barca consertando as redes. Também a estes, Jesus convida a segui-Lo. (cf. Mt 4, 18-22). As “barcas” hoje são outras, mas não é outro o Jesus que passa! É o mesmo que chamou Pedro, André, Tiago, João, Mastena, cada um de nós e que continuará passando e chamando tantos outros(as) para o seu seguimento. O barco nos convida ainda a sairmos: “Ide para as águas mais profundas!” (Lc 5, 4). Nesta perspectiva afirma o papa Francisco: “hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.” (Evangelli Gaudium, n°20).

3-    Cruz

No caminho do seguimento de Cristo, a Cruz não é opção, mas condição essencial: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga”. (Mt 16, 24). Não existe Cristo sem Cruz, portanto, não pode haver verdadeiro seguimento de Cristo sem o “tomar a cruz”. Embora pareça paradoxal, a cruz é fonte de alegria, pois com Jesus este instrumento de morte e de dor, tornou-se instrumento de esperança e vida. O papa nos lembra do grande perigo de um seguimento sem a Cruz: “Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, [...] mas não discípulos do Senhor.” (Alegrai-vos, n° 6). 

4-    Personagem (pessoa chamada)

Neste(a) personagem, que não apresenta um rosto definido, temos um tríplice significado. Primeiro quer ser expressão de todos nós, chamados(as) pelo Senhor a permanecermos com Ele. Quer também expressar duas outras personagens importantes, que ao falarmos de vocação e alegria não podiam ser esquecidas: Maria, a feliz: “Alegra-te, ó cheia de graça! O Senhor é contigo!” (Lc 1, 28). E Madre Mastena que expressivamente exclamou: “Vivei na santa alegria!”. Recorremos a elas como modelos para a nossa fidelidade vocacional. O (a) personagem aparece de braços abertos que traduz a alegria do encontro com o Senhor: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. [...] Com Jesus Cristo a alegria renasce sem cessar”. (Evangelii Gaudium, n° 1). Por fim, o personagem apresenta um dos braços unidos a Cristo (à sua Sagrada Face), para lembrar-nos aquela preciosa recomendação do Mestre: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 15, 5). É este o segredo do seguimento feliz: permanecermos unidos à videira, a qual nos fornece a seiva da alegria e que não nos deixa “secar”.

5-    Face de Cristo

É o centro do Logotipo. É a nossa identidade enquanto Família Religiosa da Sagrada Face. É o Mestre que nos olha profundamente e nos chama! É o motivo da nossa vocação e missão: “propagá-la, repará-la e restabelecê-la” com a alegria própria de discípulos-missionários: “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”. (Doc. Aparecida, n° 18).

6-    Colunas Coloridas

As colunas nos recordam a constante presença do Senhor que não nos abandona, mas que caminha a nossa frente: “Javé ia na frente deles: de dia, numa coluna de nuvem, para guia-los; de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los. Desse modo, podiam caminhar durante o dia e a noite”. (Êx 13, 21). Suas cores diversas, recordam ainda a Alegria da qual devemos ser testemunhas nos quatro cantos da terra. Alegria esta, que o papa afirma ser sinal da Vida Religiosa Consagrada: “Quero dizer-vos uma palavra e a palavra é alegria. Onde estão os consagrados, [...] religiosos e religiosas, [...] há sempre alegria, há sempre júbilo! É a alegria do vigor, é a alegria de seguir Jesus; a alegria que nos dá o Espírito Santo, não a alegria do mundo.” (Alegrai-vos n° 12).

Noviço Dannilo Luiz
Religiosos da Sagrada face
Memória Litúrgica de S. Pio de Pietrelcina
23 de Setembro de 2014