No dia do silêncio..

O silêncio está rezando uma oração por meus irmãos.

Querido irmão André,

Celebrando os mistérios da Cruz nestes dias santos, e olhando para nossa vida que sendo frágil, não mede o tamanho da cruz, mas passa por ela, Deus olha para nossa condição e diz sem falar: Foi por você que enviei o meu Filho amado para que morrendo na cruz possa ressuscitar e mostrar-lhe vida nova.

Tentei observar diante deste sofrimento que nos invade, o que de profundo e significativo Deus tem a nos mostrar. Somente o silêncio tocou o meu sentido.

É o silêncio, o nosso aliado quando vamos ao encontro de quem perde um ente querido, nós não sabemos o que dizer, porque não há palavras suficientes para ultrapassar a corrente de lágrimas que percorre no coração de quem sofre.

É o silêncio que chega primeiro quando recebemos uma notícia difícil ou quando deparamos com uma cena chocante.

É o silêncio que grita dentro de nós pedindo a Deus o consolo. Santo silêncio. Silêncio que nestas horas vivenciamos com a espera da ressureição de Jesus. Jesus sofrendo as dores da morte entrega o seu Espírito ao Pai e nos convida ao silêncio. É o silêncio divino, que preenche nossa angústia, aumenta nossa esperança, vivifica nossa fé, nos faz acreditar na ressurreição como a vitória da cruz.

O Papa Francisco convidando os fiéis a contemplarem o Rosto do Sudário, nos disse: “Ouçamos o que nos quer dizer, no silêncio, ultrapassando a própria morte [...] É como se deixasse transparecer uma energia refreada, mas poderosa, é como se nos dissesse: tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence.

Bento XVI na mesma ocasião nos disse: “O ser humano vive porque é amado e pode amar; e se até no espaço da morte penetrou o amor, então também lá chegou a vida. Na hora da extrema solidão nunca estaremos sozinhos”

É neste cenário de dor, de silêncio que nos juntamos aos seus familiares, juntando a nossa oração, nossos gestos acanhados, nossa fé, nossa esperança na manhã de Domingo. Dia do Senhor, dia de alegria, dia de cantarmos aleluia, dia de vermos a Face gloriosa do Senhor. O sofrimento cessa, a dor é suportada, o amor é abundante, a vida é eterna.

Padre Fábio de Melo em sua canção, poetiza assim:

Fala pra mim, se achares que posso ouvir / Chora ao teu Deus se não podes compreender / Rasga este véu do calvário que te envolveu / Tão sublime segredo se esconde / Nesta dor que escurece o horizonte / Que por hora impedem os teus olhos de contemplarem

O eterno presente do tempo / O ausente o presente em segredo / Na sagrada saudade que deixa continuar. /A saudade eterniza a presença de quem se foi / Com o tempo esta dor se aquieta / Se transforma em silencio que espera / Pelos braços da vida um dia reencontrar.

Seus irmãos de comunidade, na Sagrada Face de Jesus.

Nota: Com imenso pesar que nos solidarizamos com nosso irmão André Vinícios pela perda repentina do seu querido Voinho, Flaviano Mendes.  Deus que ressuscitou o seu Filho Jesus, o receba na glória eterna. Que ele descanse em paz!