Jesus entra em Jerusalém. A
multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante
d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito
seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19,
38).
Multidão,
festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou
tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples,
pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. [...] E agora
entra na Cidade Santa…É um espetáculo lindo: cheio de luz, de alegria, de festa.
No início
da Missa, também nós o reproduzimos. Agitamos os nossos ramos de
palmeira e de oliveira, cantando: «Bendito o Rei que vem em nome do
Senhor» (Antífona); também nós acolhemos Jesus; também nós manifestamos a
alegria de O acompanhar, de O sentir perto de nós, presente em nós e no nosso
meio, como um amigo, como um irmão, mas também como rei, isto é, como farol
luminoso da nossa vida. E aqui temos a primeira palavra:
alegria! Nunca sejais homens, mulheres tristes: um cristão não o pode ser
jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo!
Há uma
pergunta, porém, que nos devemos pôr: Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou
talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E
Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei
seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito,
nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são
pessoas humildes, simples. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as
honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra
para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías [...] (cf. Is
50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura
(a sua realeza será objeto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado
com um madeiro. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém
para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo
Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! [...] Olhemos ao nosso redor…
Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos econômicos que
atingem quem é mais fraco, avidez de dinheiro, de poder, corrupção,
divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E os nossos
pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e
com a criação inteira. [...] Queridos amigos, todos nós podemos vencer o mal
que existe em nós e no mundo: com Cristo, com o Bem! Sentimo-nos fracos,
inaptos, incapazes? Mas Deus não procura meios poderosos: foi com a cruz que
venceu o mal! Não devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer
nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados!
Não
devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós
mesmos e ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz de Cristo a todos e por toda
a parte; levar este amor grande de Deus. Isto requer de todos nós que não
tenhamos medo de sair de nós mesmos, de ir ao encontro dos outros. [...]
Aprendamos a olhar não só para o alto, para Deus, mas também para baixo, para
os outros, para os últimos. E não devemos ter medo do sacrifício. Pensai numa
mãe ou num pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor! E como os
enfrentam? Com alegria, porque são feitos pelas pessoas que amam. Abraçada com
amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria.Vivamos a alegria de
caminhar com Jesus, de estar com Ele, levando a sua Cruz, com amor, com um
espírito sempre jovem! Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos
ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao
pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana
Santa e por toda a nossa vida. Amém.
(Resumo
da Homilia do Papa Francisco na Missa de Ramos do ano de 2014 -
Fonte:http://www.news.va/pt/news/homilia-de-papa-francisco-da-eucaristia-de-domingo )