Passaram-se pouco mais de quarenta dias em que o
nosso amado esposo enfrentou as duras penas da morte numa cruz, morreu por
nossos pecados. Mas não somente isso, sua ressurreição também foi por nós, e
não bastando-se a si mesmo, Ele não nos deixou órfãos, mas fez cumprir todas as
promessas do Pai.
Não será bom para nós pensarmos somente em suas
dores, mas no amor com que o moveu durante toda sua permanência entre nós. Sim,
o amor lhe deu verdadeiramente as dores da morte, mas foi a morte que lhes rendeu
as doçuras do amor. Esse amor também encheu os corações dos seus, mesmo
daqueles que não estavam presentes na hora de seu algoze. No fundo eles sabiam
que o amor não morreria, e de fato, o amor não morre, ele apenas espera. A
espera do terceiro dia foi um amor antecipado. Como de uma borboleta que espera
no casulo o momento do seu voo, mas não deixa de amar enquanto é casulo. Ele,
nosso mestre, nunca lhe faltou amor. Nunca, nunca! Ele jamais mudou! Ele, sim,
amou-nos desde sempre. Amou-nos tanto.
Tudo que lhe aconteceu foi também refletido em
minha alma. Eu estava lá. Parecia-me tão claro como se somente eu pudesse
sentir as suas fatigas, que eram cheias do verdadeiro amor. Ele numa cruz como
cordeiro imolado, sacrificado, e eu, como um passarinho pousado num galhinho de
uma árvore... cantando o puro amor.
Sofri e sofro muito: inclusive chorei nesses dias,
mas Jesus me olhou e de seus olhos divinos, derramaram-se lágrimas de sangue.
Eu o quereria todo para mim.
Foi aos apóstolos que Jesus, com numerosas provas,
se mostrou vivo depois da sua paixão. Depois de ter compenetrado em suas dores,
ouvi no meu intimo sua voz que dizia: sofrer por uma obra boa, depois de ter
praticado atos de caridade é um prêmio. Confesso que fiquei ali mesma, perada
contemplando suas dores e olhando para dentro de mim. Ele me levou, com o seu olhar, a passar em
sua vida. Tanto bem Ele fez, tantas vidas Ele fez nascer. Não poderei ficar
parada, atônita, soube que no dia de seu encontro com o Pai, os apóstolos
ficaram a olhar para o céu, enquanto Ele ia desaparecendo à vista deles. De
certo, os mesmos anjos que lhes acordaram também me inspiraram tal desejo:
tornar conhecida e amada a sua Face no mundo inteiro.
Somos testemunhas de tudo isso, do seu amor, da sua
caridade divina que renova a face da Terra. Sim, Jesus, sua caridade penetra em
toda parte. Queremos ser testemunhas em toda a parte, Ele mesmo nos prometeu o
consolador, mas nos quer fortes, destemidos... Nada de fraquezas, reservas,
comodidades, satisfações ou ideias próprias, mas sim, irmãos fortes, generosos,
amantes do sacrifício. Jesus não sabe o que fazer com aqueles irmãos que fogem
di horto das Oliveiras, que temem a flagelação, os espinhos, a Cruz, o martírio
e a morte. Não, não sabe o que fazer.
Jesus subiu para o céu e lançou sobre os apóstolos
a sua bênção, mas não só a eles, também a mim. Ele me deixou os sinais que o
acompanharam durante sua permanência entre nós, para que partilhando com vocês
possamos juntos cumprir o seu mandato de Propagar, Reparar e Restabelecer o seu
doce rosto nos irmãos. Foi Ele mesmo que disse: Pela minha santa Face será
salvo o mundo. O triunfo de Jesus está a nos esperar... Coragem! Rezemos!
Talvez tenhamos que fazer grandes sacrifícios:
Jesus estará conosco para nos dar forças. Mandei uma caixinha e grande
quantidade de coisas “sua herança”. Estou sempre próxima de vós com o
pensamento, com o coração e a oração.
Aproxime-se Irmão... Apanhas dentro da caixinha
este tesouro reservado à você.
Sim, eu te acompanharei a todo o momento com as
minhas pobres orações, com o oferecimento a Jesus de tudo quanto a minha
nulidade poderá dispor, com o constante desejo de que Deus te faça santo. Sim,
te faça santo: na nova condição de vida, com aquilo que recebestes de herança
do nosso tão amantíssimo Jesus, te conceda meios de ser apóstolo secreto que
penetrando suavemente nas almas e nos corações de quem se aproxima de ti.
Coragem, e sempre para frente.
Recorramos sempre à nossa Mãe celeste: Nada negar a
Maria e assim ele não negará nada a nós.
Vossa
afetuosíssima Mãe,
Madre
Maria Pia Mastena