Pouco a pouco, passo após passo. O caminho vai se fazendo
à medida que damos passos novos, que traçamos as veredas. Já dizia a poetisa
Cora Coralina: “Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
É nesse cenário de estrada, de caminhada, que encontramos
a menina Teresa Mastena. No seu coração de criança já ardia as altas
temperaturas de uma estrada de sol causticante, de veredas estreitas e muitas
vezes, cheias de pedregulhos. Essa estrada que só foi se delineando à medida
que a sua coragem e fé foi sendo a força motriz, o instrumento desbravador.
Jesus se apresentava no coração de Mastena desde cedo.
Ela ansiava fazer o caminho de Jesus, tendo Ele por companhia e guia. Desde
menina ela se deu nessa aventura de pertencer somente a Ele, de ser d’Ele, e
para Ele fazer tudo o mais. Assim fez o voto de virgindade com apenas 9 anos de
idade, consagrando-se já ali, a pequenina flor que a cada orvalho de um dia
novo, desabrochava e exalava suave perfume.
Tendo ingressado nas Irmãs da Misericórdia de Verona, e
com a aprovação de quem lhes guiava espiritualmente, Madre Mastena fez o Voto
de Vitima, se doando até as mais duras penas, se assim precisasse, para
pertencer ao seu amado e doce Jesus. Procurou em tudo, fazer o mais perfeito
possível, tendo assim ressalvas de que todo o seu caminho não seria fácil, mas
no seu coração já sentia, que se não caminhasse por cima das pedras que
encontrasse, o seu caminho jamais seria percorrido. A perfeição está sobretudo,
na labuta e coragem de enfrentar as mais duras dificuldades.
Inspirada pelo Divino Amor e debaixo de muita oração,
Mastena escreveu a próprio punho, as Constituições da futura Congregação que
bombeava como uma veia ao seu coração. Com negações e reprovações, a
determinação forte de Mastena fez por determinadas vezes lutar até conseguir a
sonhada aprovação daqueles escritos da Regra de Vida da Congregação.
A caminhada não terminou ai, ao contrário, estava só no
seu início. Ela foi ganhando novas companhias que com ela, agora botavam os pés
no chão da estrada. Não faltaram obstáculos, dificuldades, mas com muita
segurança infundia em suas filhas, as Religiosas da Sagrada Face, o mais sereno
otimismo, ao passo que elas passaram a seguir também esta bonita trilha
espiritual em busca da aprovação da Igreja e reconhecimento pontifício da
Congregação.
“Uma mulher muita prudência, nunca precipitada,
irrefletida, apegada às próprias opiniões, mas sempre recorrente à reflexão, à
oração, ao conselho do próximo...”[1] É
assim quando queremos percorrer uma estrada. Encontramos pessoas pelo caminho,
temos muitas vezes que parar e olhar qual direção tomar, pedir orientação de
Deus por meio da oração. Madre Mastena seguiu assim o seu itinerário até o dia
que pôde deixar a estrada de terra e passar a caminhar por sobre os passos de
suas virtudes, contemplando o Rosto de Jesus na eternidade.
Tendo aos pouco se consolidado a Congregação, à medida
que passaram os anos, também novas casas foram sendo abertas e aquele sonho de
tornar conhecida a Face de Jesus ia sendo concretizado. Novas casas na Itália
foram abertas, abriu-se a Missão na França que depois veio a fechar, abriu-se a
missão no Brasil, se espalhou também pela Indonésia, chegou à Bolívia e aos
poucos essa tenda foi e vai ganhando novas estacas e dando apoio a tantos
irmãos e irmãs, que peregrinando na estrada da vida, são restauradas as forças
da caminhada, reparados os rostos cansados, restabelecidos os sorrisos de
semblantes marcados pela dor e sofrimento.
Contudo, o Coração de Mastena foi um coração missionário,
nômade, sem morada fixa. Essa estrada não terminou e não termina agora. Era o
sonho de Mastena chegar aos quatro cantos da Terra e levar a Face de Cristo.
Assim, como foi o seu coração, é também o coração de todo masteniano, de toda
masteniana que não mede forças para seguir os seus passos nessa estrada
caminhante. As novas vocações, os leigos que se juntam a nós, as Irmãs e irmãos
que dão passos determinantes na caminhada, simbolicamente representados nas 10
irmãs que amanhã na Indonésia farão seus votos perpétuos, dão a nós a esperança
e fé constantes, de que ATÉ AQUI, O SENHOR NOS CONDUZIU E CERTAMENTE, DAQUI PRA
FRENTE, ELE NOS CONDUZIRÁ.