Estamos
no mês dedicado à Bem Aventurada Maria Pia Mastena, mulher do amor. Não é por
puro acaso que a celebramos no mesmo mês em que veneramos o Sagrado Coração de
Jesus, que por vezes, coincide no mesmo dia de Festa. Não queremos falar de
coincidências, mas de semelhanças. “Deus amor tanto o mundo que mandou o seu
Filho unigênito...”[1], este mesmo Filho que,
revelando o Rosto amoroso do Pai, quis chamar tantos homens e mulheres para o
discipulado do amor. É nesta via amore, que
encontramos Madre Mastena, figura de mulher que soube vencer as tribulações
numa linguagem compreensível a todos, a do amor.
Um
amor capaz de acreditar e esperar contra toda a esperança. Não foram poucos os
momentos em que tudo parecia sem saída; não foram poucos os momentos em que
recebeu escárnios e difamações; não foram poucos os rostos ensanguentados e
desvalidos que ela encontrou durante as duas grandes guerras mundiais; não
foram poucas a s dificuldade de fundação e estruturação da modesta Congregação
da Santa Face. Contudo não bastaram as dificuldades, mas em tudo superando com
a “caridade: centro fulgido de todo o movimento do espírito, do coração, de
cada ação”[2].
Mastena não desanimou, porque acreditou n’Aquele que muito amou e, procurando
configurar-se n’Ele em tudo, foi também toda de Jesus: “Não pode existir algo
mais honroso e mais útil que deixar a Jesus todo o domínio do nosso coração,
dos nossos julgamentos, da nossa vontade, das nossas obras, da santidade da
vida ou da morte.”[3]
O
amor vence e alcança tudo, “tudo espera, tudo suporta”[4]. Foi
sem dúvida a força motriz que deu
resistência à sua caminhada, à sua via dolorosa naquela sexta-feira de 15 de
abril de 1927, onde tudo parecia acabado, no coração ardia a esperança. Como
com os discípulos que caminhavam até Emaús, com os rostos triste e abatidos
porque não enxergavam em sua frente nada além do fracasso da Cruz, porém, no coração
uma força fazia germinar a esperança. Um amor resistência que fez desejar ficar
um pouco a mais com aquele forasteiro suave e doce, um desconhecido de
aparências, mas muito intrínseco às suas lembranças. É como diz a linguagem
poética: “é um andar solitário ente a gente”.[5]
Hoje
vemos Mastena como a mulher que acreditou em sua intuição, que acreditou no
amor de Deus nas coisas simples, que apostou com muito entusiasmo e
determinação até o ponto mais alto de sua jornada, aquele milésimo de segundos
que se deu no momento em que Jesus partiu o pão, e foi reconhecido; antes
fazendo arder o coração, agora frente a frente com Ele; na vestição das
primeiras Irmãs, na aprovação das Constituições, no reconhecimento pontifício, no
crescimento da Congregação e por fim, na sua Páscoa com Jesus. Como aos
discípulos, como em Mastena, Jesus parte o pão e caminha hoje, ao nosso lado,
fazendo arder o nosso coração, no amor-esperança.
Alfredo Leonardo
[1] Cf.
Jo 3, 16
[2] -
Dos escritos de Madre Mastena
[3] -
Iden
[4]
Cf. 1 Cor 13,7
[5] Luís
Vaz de Camões, in "Sonetos"
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