quinta-feira, 22 de junho de 2017

Salve Mastena, andarilha do amor.

Estamos no mês dedicado à Bem Aventurada Maria Pia Mastena, mulher do amor. Não é por puro acaso que a celebramos no mesmo mês em que veneramos o Sagrado Coração de Jesus, que por vezes, coincide no mesmo dia de Festa. Não queremos falar de coincidências, mas de semelhanças. “Deus amor tanto o mundo que mandou o seu Filho unigênito...”[1], este mesmo Filho que, revelando o Rosto amoroso do Pai, quis chamar tantos homens e mulheres para o discipulado do amor. É nesta via amore, que encontramos Madre Mastena, figura de mulher que soube vencer as tribulações numa linguagem compreensível a todos, a do amor.

Um amor capaz de acreditar e esperar contra toda a esperança. Não foram poucos os momentos em que tudo parecia sem saída; não foram poucos os momentos em que recebeu escárnios e difamações; não foram poucos os rostos ensanguentados e desvalidos que ela encontrou durante as duas grandes guerras mundiais; não foram poucas a s dificuldade de fundação e estruturação da modesta Congregação da Santa Face. Contudo não bastaram as dificuldades, mas em tudo superando com a “caridade: centro fulgido de todo o movimento do espírito, do coração, de cada ação”[2]. Mastena não desanimou, porque acreditou n’Aquele que muito amou e, procurando configurar-se n’Ele em tudo, foi também toda de Jesus: “Não pode existir algo mais honroso e mais útil que deixar a Jesus todo o domínio do nosso coração, dos nossos julgamentos, da nossa vontade, das nossas obras, da santidade da vida ou da morte.”[3]

O amor vence e alcança tudo, “tudo espera, tudo suporta”[4]. Foi sem dúvida a força motriz que deu resistência à sua caminhada, à sua via dolorosa naquela sexta-feira de 15 de abril de 1927, onde tudo parecia acabado, no coração ardia a esperança. Como com os discípulos que caminhavam até Emaús, com os rostos triste e abatidos porque não enxergavam em sua frente nada além do fracasso da Cruz, porém, no coração uma força fazia germinar a esperança. Um amor resistência que fez desejar ficar um pouco a mais com aquele forasteiro suave e doce, um desconhecido de aparências, mas muito intrínseco às suas lembranças. É como diz a linguagem poética: “é um andar solitário ente a gente”.[5]

Hoje vemos Mastena como a mulher que acreditou em sua intuição, que acreditou no amor de Deus nas coisas simples, que apostou com muito entusiasmo e determinação até o ponto mais alto de sua jornada, aquele milésimo de segundos que se deu no momento em que Jesus partiu o pão, e foi reconhecido; antes fazendo arder o coração, agora frente a frente com Ele; na vestição das primeiras Irmãs, na aprovação das Constituições, no reconhecimento pontifício, no crescimento da Congregação e por fim, na sua Páscoa com Jesus. Como aos discípulos, como em Mastena, Jesus parte o pão e caminha hoje, ao nosso lado, fazendo arder o nosso coração, no amor-esperança.

Alfredo Leonardo

[1] Cf. Jo 3, 16
[2] - Dos escritos de Madre Mastena
[3] - Iden
[4] Cf. 1 Cor 13,7
[5] Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

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