O
Ano da Vida Consagrada, convite especial que o Papa Francisco dirige aos
Religiosos e Religiosas, é um tempo de graça (Kairós) especialíssima, é um
voltar à fonte do nosso chamado para encher-nos da alegria daquele convite: “Vem e segue-me!” (Mt 19, 21).
A
carta circular para o Ano da Vida Consagrada nos recorda isso: “Ao chamar-vos, Deus diz-vos: ‘Tu és
importante para mim, eu amo-te, conto contigo!’ Jesus diz isto a cada um de
nós! Disto nasce a alegria! A alegria do momento do qual Jesus olhou para mim.
Compreender e sentir isso é o segredo de nossa alegria. Sentir-se amado por
Deus, sentir que para Ele nós não somos números, mas pessoas; é sentir que é
Ele que nos chama.” (Alegrai-vos n° 4).
Motivados
por este convite, a Família Religiosa da Sagrada Face quer colocar-se a
caminho, como uma semeadora a lançar sementes vocacionais, por meio de um Ano
Vocacional e da Alegria. Quer “sair”, como Jesus saiu, testemunhando o amor do
Pai, para que muitos homens e mulheres, ao fazerem a experiência deste
Deus-Amor, sintam-se chamados a também saírem de si mesmos doando-se ao serviço
do Reino.
O logotipo quer ser
para este ano, sinal de uma caminhada que começa com o Batismo e que nos leva a
uma entrega radical, cujo caminho é a cruz.
O logotipo foi desenhado pelo Noviço Dannilo Luiz e traz os seguintes significados.
1- Água:
Como
nos afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC) n° 1218: “Desde a origem do mundo, a água, esta criatura humilde e admirável, é
a fonte da vida e da fecundidade. A Sagrada Escritura a vê como ‘incumbada’
pelo Espírito de Deus: Já na origem do mundo vosso Espírito pairava sobre as
águas para que elas recebessem a força de santificar”. No logotipo a água
recorda a ação constante do Espírito Santo que, por meio do nosso Batismo, nos
insere num caminho de discipulado e missão. E, posteriormente, para alguns é
convite a uma entrega mais profunda e radical. Somos introduzidos, pelo
Vaticano II, num novo sentido da Vida Religiosa quando este nos mostra que sua
consagração peculiar não é, senão, uma expressão mais profunda e plena da
consagração batismal.
2- Barco
O
barco é símbolo da missão, mas também do chamado. Foi numa barca que Jesus
encontrou Simão (a quem mais tarde deu o nome de Pedro), e seu irmão André e
chamou-os para segui-Lo. Indo mais adiante, Jesus encontra Tiago e João que
estavam na barca consertando as redes. Também a estes, Jesus convida a segui-Lo.
(cf. Mt 4, 18-22). As “barcas” hoje são outras, mas não é outro o Jesus que
passa! É o mesmo que chamou Pedro, André, Tiago, João, Mastena, cada um de nós
e que continuará passando e chamando tantos outros(as) para o seu seguimento. O
barco nos convida ainda a sairmos: “Ide
para as águas mais profundas!” (Lc
5, 4). Nesta
perspectiva afirma o papa Francisco: “hoje
todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária. Cada cristão e cada
comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos
somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter
coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho.”
(Evangelli Gaudium, n°20).
3- Cruz
No
caminho do seguimento de Cristo, a Cruz não é opção, mas condição essencial: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si
mesmo, tome a sua cruz, e me siga”. (Mt 16, 24). Não existe Cristo sem Cruz,
portanto, não pode haver verdadeiro seguimento de Cristo sem o “tomar a cruz”.
Embora pareça paradoxal, a cruz é fonte de alegria, pois com Jesus este
instrumento de morte e de dor, tornou-se instrumento de esperança e vida. O papa
nos lembra do grande perigo de um seguimento sem a Cruz: “Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um
Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, [...] mas não
discípulos do Senhor.” (Alegrai-vos, n° 6).
4- Personagem
(pessoa chamada)
Neste(a) personagem, que não apresenta um rosto
definido, temos um tríplice significado. Primeiro quer ser expressão de todos
nós, chamados(as) pelo Senhor a permanecermos com Ele. Quer também expressar
duas outras personagens
importantes, que ao falarmos de vocação e alegria não podiam ser esquecidas:
Maria, a feliz: “Alegra-te, ó cheia de
graça! O Senhor é contigo!” (Lc 1, 28). E Madre Mastena que expressivamente
exclamou: “Vivei na santa alegria!”.
Recorremos a elas como modelos para a nossa fidelidade vocacional. O (a)
personagem aparece de braços abertos que traduz a alegria do encontro com o
Senhor: “A alegria do Evangelho enche o
coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. [...] Com Jesus
Cristo a alegria renasce sem cessar”. (Evangelii Gaudium, n° 1). Por fim, o
personagem apresenta um dos braços unidos a Cristo (à sua Sagrada Face), para
lembrar-nos aquela preciosa recomendação do Mestre: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a
ele, dará muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 15, 5). É
este o segredo do seguimento feliz: permanecermos unidos à videira, a qual nos
fornece a seiva da alegria e que não nos deixa “secar”.
5- Face de Cristo
É
o centro do Logotipo. É a nossa identidade enquanto Família Religiosa da
Sagrada Face. É o Mestre que nos olha profundamente e nos chama! É o motivo da
nossa vocação e missão: “propagá-la, repará-la e restabelecê-la” com a alegria
própria de discípulos-missionários: “Conhecer
a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este
tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”.
(Doc. Aparecida, n° 18).
6- Colunas
Coloridas
As colunas nos recordam a constante presença do
Senhor que não nos abandona, mas que caminha a nossa frente: “Javé ia na frente deles: de dia, numa
coluna de nuvem, para guia-los; de noite, numa coluna de fogo, para
iluminá-los. Desse modo, podiam caminhar durante o dia e a noite”. (Êx 13, 21).
Suas cores diversas, recordam ainda a Alegria da qual devemos ser
testemunhas nos quatro cantos da terra. Alegria esta, que o papa afirma ser
sinal da Vida Religiosa Consagrada: “Quero
dizer-vos uma palavra e a palavra é alegria. Onde estão os consagrados, [...]
religiosos e religiosas, [...] há sempre alegria, há sempre júbilo! É a alegria
do vigor, é a alegria de seguir Jesus; a alegria que nos dá o Espírito Santo,
não a alegria do mundo.” (Alegrai-vos n° 12).
Noviço Dannilo Luiz
Religiosos da Sagrada face
Memória Litúrgica de S. Pio de Pietrelcina
23 de Setembro de 2014