Queridos
irmãos e irmãs, o tempo de Deus não é o nosso, e “os dias para Ele são como sombra
que passa” [1].
A nossa vida a um “sopro se assemelha”[2] e,
por mais que queiramos, nada podemos interferir nos desígnios do Senhor, pois estamos longe de
conhecermos a sua vontade, “quem pode conhecer a vontade de Deus?
Quem pode imaginar o que o Senhor deseja?” [3]. O
tempo vai, o tempo vem, nada do que foi será: “Toda explicação fica pela
metade, pois não conseguimos terminá-la” [4],
pois somos sempre limitados e nossa inteligência não consegue captar o
indizível e insondável mistério do amor de Deus. “O sol se levanta, o sol se
põe,voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará” [5] - como diz o autor sagrado - Deus “colocou o senso de eternidade no coração
do homem, mas sem que este possa compreender”[6]. Neste
sentido, nossas mãos e corações em alguns momentos tocam o eterno, sem condições
de transcender por completo a beatitude eterna de Deus. É esta a experiência
que estamos fazendo depois de nossa ordenação sacerdotal.
Contemplando
toda a bondade de Deus , que tudo criou e organizou, estabelecendo “o
tempo certo para cada coisa” [7],
faço memória da nossa história, a história dos Religiosos da Sagrada Face,
desta Família Masteniana. O que foi sonhado há mais de cinquenta anos, realiza-se,
pois, como em pleno dia, ou melhor, já
estamos comemorando o aniversário dessa dádiva , desse dom. Nenhuma coisa,
pessoa ou projeto foi capaz de desviar os desígnios do Senhor: “Quem
de vocês pode crescer um centímetro à custa de se preocupar com isso” [8].
Portanto, nós “somos de Cristo e Cristo é de Deus”[9], e isso nos basta, porque Ele quem sabe para
onde quer nos levar, e o que fará de nós, e como fará, “no tempo certo, Ele fez e fará tudo prontamente”[10].
Foi assim e está sendo a nossa vida e a da nossa Família Religiosa. Fomos
ungidos e ordenados para o serviço da Igreja e dos irmãos, para trilharmos as
pegadas da Bem-Aventurada Maria Pia Mastena, “propagando, reparando e
restabelecendo a Face do doce Jesus nos irmãos”[11].
Sentimos que nesta aventura do “seguimento
de nosso Senhor”[12]
não existe tempo, lugar nem espaço, por isso passado e presente encontram-se no
“amor
de Deus que foi derramado em nossos corações”[13]. O mundo torna-se pequeno para conter a
bondade e a graça de um Deus apaixonado, que nos “cumulou de toda bênção espiritual
no céu em Cristo”[14].
Isso mesmo, há 60 dias, Pe. Sílvio e eu, estamos experimentando a graça do
sacerdócio. Sinceramente não temos palavras para traduzir a nossa experiência e
o nosso sentimento. Deus através da Igreja,
pelo Sacramento da Ordem, constituiu-nos dispenseiros dos seus bens e
promotores de um ministério que não tem limites. Somos agora sacerdotes, e instrumentos
de sua salvação, “para fazer sorrir a sua Divina Face, nos que sofrem, pela doença ou
pelo pecado”[15].
Sim faremos com sua graça, “sorrir a sua Sagrada Face”[16],
através dos sinais visíveis dos Sacramentos. Não é mérito nosso, pois não
merecemos tamanho dom, no entanto, Deus realizará através de nós, somos apenas “servos
inúteis”[17],
pobres e limitados, porém com a “força
do poder de Deus”[18],
e a ajuda de vocês realizaremos esta missão.
Todos os que conosco estiveram, certamente, puderam
experimentar da nossa alegria e colaboraram “para que ela fosse completa” [19],
de modo especial os nossos irmãos de comunidade e as irmãs. Vocês estão no
nosso coração, pois “os amamos no Senhor”[20],
fiquem certos de que participam dessa unção. Seja pela especificidade do
carisma cumprindo a “missão de auxiliadoras dos sacerdotes”[21],
seja pela participação integral na Família Masteniana e, particularmente,
através sacerdócio comum batismal dos féis. Esse evento marca as nossas vidas
de forma perene, pois agora somos
portadores da unção sacerdotal, e a nossa Família Religiosa
nutre-se e reveste-se de uma nova dimensão carismática e espiritual. Somos homens
“revestidos
do poder do alto”[22],
para o serviço de Deus e dos irmãos, como o desejava nossa Beata Maria Pia
Mastena. Muitos marcaram presença e participação, colaborando conosco, e continuam
como já descrevemos nas cartas de agradecimento à Congregação e aos benfeitores.
Deus os retribua cem vezes mais por tudo.
Padre Francisco Uilaci, RSF
[1] Cf. Sl. 144,4.
[2] ibidem.
[3] Sb.
9,11.
[4] Cf. Ecl.
1,8.
[5] Cf. Ecl. 1,5.
[6] Cf. Ecl. 3,11
[7] Cf. Ecl. 3,1.
[8] Lc. 12,25
[9] Cf.1cor. 3,23.
[10] Cf. Is. 60,22b.
[11] Cf.
Carta da Bem-aventurada Maria Pia Mastena de 1933.
[12] Cf. Mc. 8,34.
[13] Rm. 5,5.
[14] Cf. Ef. 1,3.
[15]Cf. Bem-aventurada
Maria Pia Mastena ás suas filhas. Da homilia do cardeal Raiva Martins por
ocasião de sua beatificação, no dia 13 de novembro de 2005. Basílica de S. Pedro.
Roma-Itália.
[16] Ibidem.
[17] Cf. Lc.
17,10.
[18] Cf. Ef.6,10.
[19] Cf. 1Jo.1-4.
[20] Cf. 1Jo.4,7.
[21]Carta
de 15 de Agosto de 1933. Cf. NARDIN,
Madre M. Arcádia. Luci da Luce
Lettere. Veneza: Helvetia 1981. Tradução Ir. Maria da Piedade Freitas, rsf. p. 13 et. seq.
[22] Cf.
Lc.24,49.
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