Estamos no "Belo mês de abril" como costumava chamar a nossa Inspiradora Madre Maria Pia Mastena. Belo porque nele celebramos a Solenidade da Sagrada Face de Jesus...
- Abaixo, a programação da Solenidade neste ano de 2015 nas Comunidades de Fortaleza-CE, neste ano refletiremos a temática: "O AMOR MAIOR" em comunhão com a Igreja que vive a ostensão da Síndone em Turim na Itália.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
sábado, 18 de abril de 2015
Encontro Vocacional marcado
Para
onde irei, para onde fugirei?
Vede
Senhor, e conhece o meu coração!
Prova-me
e conhece os meus sentimentos!
Vê
se não ando por um caminho fatal,
e
conduze-me pelo caminho eterno.
(Cf. Sl 139, 7;23,24)
Hoje, fala-se de pessoas sem um rumo certo,
desorientadas. Não saber o PARA QUÊ é uma situação pior do que não saber o
PORQUÊ... Sabemos poucos porquês. Estes não dependem de nós. O para quê, o
sentido, a direção, em grande parte depende de nós. Podemos dar um sentido a
essas situações!
Neste sentido, os Religiosos da Sagrada Face deseja
favorecer, a você jovem, uma reflexão sobre suas inquietações e como nossas
escolhas decidem nossa felicidade. Não deixe para pensar nisso depois, essa é a
sua hora.
Vocação? Qual é a sua opção?
Informações:
O encontro acontecerá nos dias 25 e 26 de abril
Na Casa dos Religiosos da Sagrada Face (Rua Felismino Coelho, 49. Centro de Cajazeiras / PB)
Começará às 8h no sábado 25
Concluirá às 12h (com almoço) no domingo 26
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Face e Coração... Expressão externa e interna desse amor misericordioso de Jesus!
Celebramos
a “Festa da Misericórdia”, festa instituída pelo próprio
Jesus quando, na clausura de um Convento, o Senhor se digna aparecer a uma
religiosa simples de nome Faustina Kowalska revelando-lhe a sua vontade: “Eu
desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás
com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e
esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49; cf. 88; 280;
299b; 458; 742; 1048; 1517).
Jesus
quis precisar desta pequena serva para expressar a toda humanidade o seu amor
misericordioso, assim também Ele o faz conosco. É seu desejo que sejamos
apóstolos da Misericórdia: “Na Minha festa, na Festa da
Misericórdia, percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem à
fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (D. 206).
A
palavra MISERICÓRDIA (no grego: éleos; no hebraico: Hesed) tem origem latina e
é formada pela junção de duas palavras: miserere (ter
compaixão) e cordis (coração), em outras palavras podemos
dizer que MISERICÓRDIA é uma “Ação do Coração”. Na Festa de hoje recordamos e
celebramos justamente isso: a ação misericordiosa do Coração de Jesus por toda
humanidade. Ele mesmo afirmou isso quando em uma das aparições a Santa
Faustina, revelou-se, como vemos na Imagem, com o coração aberto: “Essa
Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas
da Minha compaixão. Toda alma que crê e confia na Minha misericórdia irá
alcançá-la”(D. 420; cf. 1042; 1073).
Nós,
Família Religiosa da Sagrada Face, somos convidados a sermos Apóstolos da
Divina Misericórdia. A bem-aventurada Maria Pia Mastena entendeu isso. Ela
sabia que não se podia separar a devoção à Sagrada Face da devoção ao Sagrado
Coração, por isso que inúmeras vezes ela, em seus escritos, dirige-se a este
Coração. Mastena sabia que aquilo que expressamos no rosto é o que brota do
mais profundo do nosso ser e com Jesus não podia ser diferente. A sua
Santíssima Face era uma expressão viva dos sentimentos mais profundos do seu
Santíssimo Coração. Essa certeza fazia com que Mastena desejasse ardentemente
permanecer unida ao Coração de Jesus: “Unir-se coração a Coração com
Jesus. Viver ao lado de Jesus... E Jesus viva em mim, sempre em mim... Sempre
em meu coração!”. As chamas deste Coração eram para Mastena seguro
refúgio, lugar de purificação, e altar onde ela mesma se oferecia inteiramente
para a salvação da humanidade:“Permanecer fechada naquele amabilíssimo
Coração, tenho intenção de oferecer a cada instante, tantas vezes quantos são
os instantes que constituem a eternidade, o meu coração, o meu corpo, o meu
espírito, a minha vontade, colocando tudo entre as ardentíssimas chamas daquele
Divino Coração, para que tudo seja imolado para a sua glória e pela salvação do
mundo...”.
O
amor por Jesus era para Mastena combustível que a impulsionava para a humildade
e não reconhecimento nas obras caridade, que a motivava nas dificuldades encorajando-a
a não desistir nos pequenos fracassos cotidianos, mas antes de tudo oferecê-los
a Jesus em reparação da tibieza de tantas almas: “Mortificar o
desejo do reconhecimento nas obras de caridade é sofrer em união com o
Sacratíssimo Coração de Jesus, tratado com tanta ingratidão, toda desatenção
que, infelizmente, quase sempre aparecem depois de uma obra de bem”. O
seu amor ao Coração de Jesus não era um amor egoísta. Não queria ela esse amor
apenas para si mesma, era seu desejo que também outras almas fizessem a mesma
experiência transformadora, por isso afirmava com tanto fervor: “Jesus
meu, eu te amo... Amo-te! E, ao pronunciar estas palavras, queria que o meu
coração ficasse inflamado, destruído pelo teu divino fogo. Queria que todos os
corações ficassem envolvidos entre as chamas do teu Amor!”.

Olhemos
para a Face de Jesus na cruz, cuja expressão é de profunda dor... desçamos o
nosso olhar e contemplemos o lado aberto pela lança, o Coração transpassado do
qual jorrou sangue e água. Face e Coração... Expressão externa e interna desse
amor misericordioso! Corramos à fonte e saciemos a nossa sede de amor, e com
Madre Mastena exclamemos: “Beber, beber continuamente lá, na fonte
do divino amor. Inebriada pelo precioso vinho que germina as virgens, sacia na
fonte da imaculada pureza, como não correr sobre as pegadas do Esposo Divino,
seguindo-O... em tudo? Ó Jesus dá-me, dá-me do teu vinho; dá-me a água
puríssima que jorra do Teu Coração transpassado!”
“Ó sangue e
água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu
confio em vós!”
Dannilo
Luiz Rocha
Noviço
dos Religiosos da S. Face
Fortaleza-CE
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Uma visita de alegria / Una visita di gioia
Dentro das festividades da Páscoa do Senhor que nos enche de um novo contentamento, pois traz de volta do Cristo Ressuscitado na grande alegria do seu Evangelho, recebemos no dia 07 de abril a visita da Irmã Severina Almeida (Ir. Neta), Secretária Geral da Congregação das Religiosas da Sagrada Face. Foi um momento de alegria numa prosa fraterna que nos trouxe as saudações e lembranças de nossa irmãs presentes na Itália. Ir. Neta é natural de Cajazeiras-PB e está atualmente residindo na Itália, na Casa Mãe das Religiosas da Sagrada Face.
Um irmão e a missão...
Há
aproximadamente um ano, a Comunidade dos Religiosos da Sagrada Face presente em
Cajazeiras-PB conta com a presença do Irmão Marcolino Alves. Ele, natural do
Rio Grande do Norte, teve como cidade de origem a Serra de Martins, mas
mudou-se posteriormente para Viçosa. Teve sua formação acadêmica e religiosa em
Fortaleza-CE, na comunidade do noviciado, lugar onde fez seus Votos Simples de
Castidade, Pobreza e Obediência, segundo as Constituições dos Religiosos da
Sagrada Face e foi enviado para compor a Comunidade paraibana.
Chegou
à terra do Sertanejo Padre Rolim a 26 de abril de 2014 (Festa da Sagrada Face)
e por aqui começou a fazer sua missão de irmão, de filho de Madre Mastena. Com
jeito simples e olhar sereno, o religioso foi abrindo seu espaço neste chão
seco e árido, mas ao mesmo tempo, um terreno fértil de missão.
Seus
Votos foram pronunciados na Festa do Patrono Universal da Igreja, São José, a
19 de março de 2014, na Capela de São Francisco de Assis em Fortaleza-CE. “São José foi aquele homem justo, de fé
em Deus e que deu o seu sim. Sim aos projetos de Deus”, disse o Irmão.
Tendo
passado o primeiro ano e tendo já renovado seus votos diante da Igreja, do povo
e da Congregação, o Irmão Marcolino expressou os seus sentimentos como
Religioso da Sagrada Face: “Há um ano,
nesta grande Festa eu também dava o meu sim ao chamado de Deus, ‘Fala Senhor
que teu servo escuta’, para mim é uma raça de Deus está respondendo ao seu
chamado, dizer sim ao seu projeto e de estar nesta Família Religiosa da Sagrada
Face”.
A
vida de um religioso é um total “deixar-se moldar” pelas mãos do Senhor que
convida a cada dia a responder novamente com a mesma intensidade o sim outrora
pronunciado: “Sinto-me feliz neste primeiro
ano como religioso, pude neste tempo fortificar minha vocação, vivenciando as
diferentes realidades existentes em nosso meio, contemplando tantos rostos
desfigurados”, expressou o Irmão.
A
missão é itinerante e contínua, vivenciada passo-a-passo como um nômade que não
tem lugar fixo e tempo determinado, mas aonde o Senhor chamar.
“Sou grato a Deus pelo primeiro ano. Sei
que não fiz tudo, pois a Messe do Senhor é grande”, disse o religioso pedindo ao Senhor que envie mais
santas vocações religiosas e sacerdotais para o trabalho na Messe do Senhor.
A Missão
O
Irmão Marcolino quando chegou à Comunidade desempenhou por alguns meses o
trabalho de Secretário de uma Paróquia, lá ele pode experimentar um pouco do
contato com as pessoas de diferentes realidades e a própria vivência pastoral
daquela Paróquia Mariana. Contudo, sua missão foi concluída e estando mais
disponível na Comunidade e para outras missões, teve a oportunidade de
participar de uma semana de peregrinação com a Imagem de Nossa Senhora da
Piedade (padroeira diocesana), que percorre todas as paróquias neste ano de
Centenário Diocesano.
Sua
participação se deu na Paróquia de São José na Cidade de Curral Velho-PB
durante a última semana de fevereiro e início de março deste ano.
“Fazer missão em diferentes lugares é
sempre uma experiência nova, é encontrar realidades diferentes, é encontrar
obstáculos e conseguir superá-los com fé em Deus e saber que há pessoas à sua
espera”.
Para
ele, a missão foi de grande significado, experiência nunca antes vivida: “... foi sair da minha zona de conforto e
partir como peregrino, como Maria, quando saiu de sua casa ao encontro de sua
prima Izabel”.
O
sentimento foi de imitar Maria quando percorreu as montanhas, “... era como se eu estivesse fazendo o
mesmo caminho feito por Maria, pelas montanhas, por estradas tortuosas, de
difícil acesso, o calor, o sol quente do nosso sertão paraibano”.
A
missão tem sua alegria, mas tem os seus espinhos e assim vão se encontrando
forças para a perseverança, entre esperanças e sombras. O Irmão Marcolino assim
vivenciou: “Era Maria que nos encorajava,
que confortava as tantas mães sofredoras e tantos homens e crianças que se
emocionavam à chegada da Imagem em suas comunidades”, disse ele.
“Era emocionante contemplar nos rostos,
as lágrimas de sofrimento que se misturavam de alegria, também quando recebiam
os missionários e partilhavam aquilo que tinham de melhor”, completou.
O
Irmão Marcolino é grato a Deus pelo ano vivenciado como consagrado religioso e
diz que se sente a caminho como Maria fez ao partir em missão. Para ele foi
gratificante este período vivenciado com o povo de Deus e agradeceu ao Padre
Damião pela oportunidade, aos missionários que atuaram juntos, a Irmã Elieuda,
o seminarista Rodolfo e missionário local, Sebastião.
sábado, 4 de abril de 2015
O dia em que as vozes cessaram
Estamos no Sábado
Santo, dia do silêncio, da escuta, do reservar-se interiormente a fim de
encontrarmos em nosso coração as respostas capazes de nos fazer compreender o
emudecer que se deu quando Jesus morreu. Poderíamos fazer um exercício de se
colocar na pessoa de Maria, a Mãe de Jesus; na pessoa do discípulo amado; na
pessoa de José de Arimatéia, de Maria Madalena e de tantos outros... o que se
passava em seus corações? Quais os meus sentimentos hoje, olhando para a morte
de Jesus que é sem dúvida uma antecipação de nossa morte? Porque o silêncio é o
protagonista deste dia?
Façamos uma reflexão
a partir das palavras do Papa Emérito, Bento XVI, quando no ano de 2010 o mesmo
fazia uma visita à Turim por ocasião da exposição do Santo Sudário.
Acompanhemos quão bonito significado para o Sábado Santo.
___________________________________
Queridos amigos!
Para mim, este é um momento muito
esperado. Estive diante do Santo Sudário noutras ocasiões, mas desta vez vivo
esta peregrinação e esta reflexão com intensidade particular: talvez porque o
passar dos anos me torna ainda mais sensível à mensagem deste extraordinário
Ícone; talvez, diria sobretudo, porque estou aqui como Sucessor de Pedro e
trago no meu coração toda a Igreja, aliás, toda a humanidade. Dou graças a Deus
pelo dom desta peregrinação e também pela oportunidade de partilhar convosco
uma breve meditação, que me foi sugerida pelo subtítulo desta solene Ostensão: "O
mistério do Sábado Santo".
Pode-se dizer que o Sudário é o Ícone
deste mistério, o Ícone do Sábado Santo. De fato, é um lençol sepulcral, que
envolveu o corpo de um homem crucificado totalmente correspondente a quanto os
Evangelhos nos dizem de Jesus, o qual, crucificado por volta do meio-dia,
expirou aproximadamente às três da tarde. Ao anoitecer, porque era Parasceve,
isto é a vigília do sábado solene de Páscoa, José de Arimateia, um rico e
competente membro do Sinédrio, pediu corajosamente a Pôncio Pilatos para poder
sepultar Jesus no seu sepulcro novo, que tinha sido escavado na rocha a pouca
distância do Gólgota. Ao obter a autorização, comprou um lençol e, deposto o
corpo de Jesus da cruz, envolveu-o com o lençol e colocou-o naquele túmulo (cf.
Mc 15, 42-46). Assim refere o Evangelho de Marcos, e com ele concordam os
outros Evangelistas. A partir daquele momento, Jesus permaneceu no sepulcro até
ao alvorecer do dia seguinte que era sábado, e o Sudário de Turim oferece-nos a
imagem de como era o seu corpo estendido no túmulo durante aquele tempo, que
foi breve cronologicamente (cerca de um dia e meio), mas imenso, infinito no
seu valor e significado.
O Sábado Santo é o dia do escondimento
de Deus, como se lê numa antiga Homilia: "O que aconteceu? Hoje sobre a
terra há um grande silêncio, grande silêncio e solidão. Grande silêncio porque
o Rei dorme... Deus morreu na carne e desceu para abalar o reino dos
infernos" (Homilia sobre o Sábado Santo, pg 43, 439). No Credo, nós
professamos que Jesus Cristo "padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro
dia".
Queridos irmãos, no nosso tempo,
especialmente depois de ter atravessado o século passado, a humanidade
tornou-se particularmente sensível ao mistério do Sábado Santo. O escondimento
de Deus faz parte da espiritualidade do homem contemporâneo, de maneira
existencial, quase inconsciente, como um vazio no coração que se foi alargando
cada vez mais. No final do século XIX, Nietzsche escreveu: "Deus está
morto! E quem o matou fomos nós!". Esta célebre expressão, observando bem,
é tomada quase ao pé da letra da tradição cristã, frequentemente a repetimos na
Via-Sacra, talvez sem nos darmos conta plenamente do que dizemos. Depois de
duas guerras mundiais, os lager e os gulag, Hiroshima e Nagasaki, a nossa época
tornou-se um Sábado Santo em medida cada vez maior: a escuridão desse dia interpela todos os que
se questionam sobre a vida, de modo particular interpela a nós, crentes. Também
nós somos responsáveis por esta escuridão.
E, no entanto, a morte do Filho de Deus,
de Jesus de Nazaré tem um aspecto oposto, totalmente positivo, fonte de
consolação e de esperança. Isto faz-me pensar no fato de que o Santo Sudário se
comporta como um documento "fotográfico", dotado de um
"positivo" e de um "negativo". Com efeito, é exatamente assim:
o mistério mais obscuro da fé, ao mesmo tempo, é o sinal mais luminoso de uma
esperança que não tem confim. O Sábado Santo é a "terra de ninguém"
entre a morte e a ressurreição, mas nesta "terra de ninguém" entrou
Um, o Único, que a atravessou com os sinais da sua Paixão pelo homem:
"Passio Christi. Passio hominis". O Sudário fala-nos precisamente
deste momento, está a testemunhar aquele intervalo único e irrepetível na
história da humanidade e do universo, no qual Deus, em Jesus Cristo, partilhou
não só o nosso morrer, mas inclusive o nosso permanecer na morte. A
solidariedade mais radical.
Naquele "tempo-além-do-tempo"
Jesus Cristo "desceu à mansão dos mortos". O que significa esta
expressão? Quer dizer que Deus, feito homem, chegou até ao ponto de entrar na
solidão extrema e absoluta do homem, onde não chega raio de amor algum, onde
reina o abandono total sem palavra de conforto alguma: "mansão dos mortos". Jesus Cristo,
permanecendo na morte, ultrapassou a porta desta solidão última para nos guiar
também a nós a ultrapassá-la com Ele. Todos nós sentimos algumas vezes uma
sensação assustadora de abandono, e o que mais nos assusta é precisamente isto,
como quando somos crianças, temos medo de estar sozinhos no escuro e só a
presença de uma pessoa que nos ama pode dar-nos segurança. Aconteceu exatamente
isto no Sábado Santo: no reino da morte ressoou a voz de Deus. Sucedeu o
impensável: ou seja, que o Amor penetrou "na mansão dos mortos":
também no escuro extremo da solidão humana mais absoluta nós podemos escutar
uma voz que nos chama e encontrar alguém que nos pega pela mão e nos conduz
para fora. O ser humano vive porque é amado e pode amar; e se até no espaço da
morte penetrou o amor, então também lá chegou a vida. Na hora da extrema solidão
nunca estaremos sozinhos: "Passio Christi. Passio hominis".
Este é o mistério do Sábado Santo! Exatamente
do escuro da morte do Filho de Deus brilhou a luz de uma esperança nova: a luz
da Ressurreição. E eis que, parece-me, olhando para este Santo Lençol com os
olhos da fé se perceba algo desta luz. Com efeito, o Sudário foi imerso naquela
escuridão profunda, mas ao mesmo tempo é luminoso; e eu penso que se milhões e
milhões de pessoas vêm venerá-lo – sem contar quantos o contemplam através das
imagens – é porque nele não vêem só a escuridão, mas também a luz; não tanto a
derrota da vida e do amor, mas ao contrário, a vitória, a vitória da vida sobre
a morte, do amor sobre o ódio; vêem a morte de Jesus mas entrevêem a sua
Ressurreição; agora a vida pulsa no seio da morte, porque lá inabita o amor.
Este é o poder do Sudário: do rosto deste "Homem do sofrimento", que
traz em si a paixão do homem de todos os tempos e lugares, também as nossas
paixões, os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades, os nossos pecados –
"Passio Christi. Passio hominis" – promana uma solene majestade, um
senhorio paradoxal. Este rosto, estas mãos e estes pés, este lado, todo este
corpo fala, ele próprio é uma palavra que podemos escutar no silêncio. De que
modo fala o Sudário? Fala com o sangue, e o sangue é a vida! O Sudário é um
Ícone escrito com o sangue; sangue de um homem flagelado, coroado de espinhos,
crucificado e ferido no lado direito. A imagem impressa no Sudário é a de um
morto, mas o sangue fala da sua vida. Cada traço de sangue fala de amor e de
vida. Especialmente a mancha abundante próxima do lado, feita de sangue e água
derramados abundantemente de uma grande ferida causada por um golpe de lança
romana, aquele sangue e aquela água falam de vida. É como uma fonte que murmura
no silêncio, e nós podemos ouvi-la, podemos escutá-la, no silêncio do Sábado
Santo.
Queridos amigos, louvemos sempre o
Senhor pelo seu amor fiel e misericordioso. Partindo deste lugar santo, levemos
nos olhos a imagem do Sudário, levemos no coração esta palavra de amor e
louvemos a Deus com uma vida plena de fé, de esperança e de caridade. Obrigado.
Fonte: Santa Sé
Sugestão de pauta: Madre Annalisa Galli
sexta-feira, 3 de abril de 2015
Paixão de Cristo, paixão pela humanidade.
Dentro do mistério de nossa Fé se encontram motivações e
profundos momentos com Deus para que não venhamos a desistir da caminhada. Encontramo-nos
hoje na Sexta-feira da Paixão conhecida pelos antigos como a “Grande
Sexta-feira” ou “Sexta-feira Maior”. Nela contemplamos as trevas que se
encontrou a humanidade no momento da “Dor Maior”, da morte de Jesus pregado na
Cruz. Quanta escuridão se abateu na vida dos homens e mulheres que acreditavam
que Jesus iria mudar a história de escravidão, de dor e miséria em que viviam.
A morte de Jesus era sem dúvida, a “Derrota Maior”. Pobres... Não sabiam eles o
que sentia o coração e nem imaginavam que Jesus estava certo quando dizia que
veio para libertar o povo da escravidão, para recuperar a vista aos cegos,
fazer os coxos andarem e os surdos voltarem a ouvir e falar, a dar sentido as
leis que amordaçavam o povo no pecado. De fato, Ele não veio abolir Lei
nenhuma, mas dar novo significado. Talvez esse fosse, e é ainda hoje o motivo
de muitas vezes se achar difícil caminhar com Jesus, porque a sua pedagogia é
fazer o contrário.
Fazendo o percurso da “Via-Dolorosa”, queremos fazê-la na
companhia de quem muito experimentou a incompreensão, a rejeição, a dor e o
sofrimento, mas muito se uniu à Cruz tomando parte dela no ombro, deleitando-se
sobre o madeiro sagrado a fim de diminuir a dor de Jesus. Caminhemos aos passos
da reflexão e oração feita pela Bem-Aventurada Mastena na Via-Sacra do amor e
cumplicidade.
Mastena foi uma discípula de Jesus contemplando os mistérios
da dor de Jesus e buscando em sua vida manter os olhos fixos no Rosto de Jesus,
um olhar não somente externo, mas, sobretudo interior, penetrante.
Ela soube identificar a solidão de Jesus diante da
humilhação, chegando a desejar chegar bem perto d’Ele e tomar também a sua Cruz
e manter-se confiante na certeza de que o seu braço a ajudaria a caminhar.
Mastena teve um olhar místico sobre esse trajeto doloroso.
Na quarta estação, contemplou o sofrimento da Mãe de Jesus e pôde como que
ouvir de Jesus: “Eis minha mãe.
Entrego-a a ti. Contemplando-a, aprenderás as sublimes lições que ela te dá e
junto com ela vai em frente, à caminho do Calvário.”
Outra estação muito forte para Mastena se encontra na cena
de Verônica enxugando o Rosto de Jesus e nele revelando-se a Face banhada em
sangue. Nesta, o Senhor desejou ver esculpida no seu coração a imagem do seu
Rosto desfigurado. “Impresso em ti, o
teu peito receberá novo esplendor e o teu coração se dilatará, se inflamará e
desejará somente ver e contemplar o meu Rosto”.
O desejo do esquecimento foi muito presente na vida de Madre
Mastena, em outra ocasião, ela mesma compunha uma ladainha da humildade,
desejando ser a menor, a rejeitada e esquecida. Para livra-se da vaidade e da
atenção a ela mesma, preferiu entregar-se ao escondimento na Face de Jesus, seu
amado – “esquece a ti mesmo e consagra a
tua vida para consolar a humanidade em aflição”.
O despojamento, outro sinal de resignação e inclinação
interior. Quando Jesus foi despojado de suas vestes, deixando-o assim na mais
forte humilhação, Mastena coloca-se como servidora da santa pobreza. Apresentando-se
ao Cristo nu, Mastena entrega sua própria vontade, das suas paixões e desejos.
Um sinal de união à pobreza de Cristo.
O ápice do sofrimento de Jesus se deu no alto da Cruz. O que
para os judeus deveria ser o lugar do reinado, da realeza e da coroação do Rei
dos judeus, tornara-se o lugar do esquecimento, do calvário, da morte. Mastena
encontra ali, o lugar do elo com o seu amado.
O encontro com a Face do Senhor foi o caminho percorrido por
Madre Mastena. Se sabemos que Jesus suportou duras penas até a Cruz, o que nós
não havemos de suportar para chegar até ele? Madre Mastena não se encontrou em
nenhum outro personagem a não ser o do próprio Cristo, servo sofredor. Isso nos
aponta que a meta de cada um de nós é seguir o Cristo, fazendo como ele mesmo
fez, mas também sendo sensíveis ao próximo assim como foi Verônica e o Cireneu.
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