segunda-feira, 13 de abril de 2015

Face e Coração... Expressão externa e interna desse amor misericordioso de Jesus!

Celebramos a “Festa da Misericórdia”, festa instituída pelo próprio Jesus quando, na clausura de um Convento, o Senhor se digna aparecer a uma religiosa simples de nome Faustina Kowalska revelando-lhe a sua vontade: Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja benzida solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49; cf. 88; 280; 299b; 458; 742; 1048; 1517).
Jesus quis precisar desta pequena serva para expressar a toda humanidade o seu amor misericordioso, assim também Ele o faz conosco. É seu desejo que sejamos apóstolos da Misericórdia: Na Minha festa, na Festa da Misericórdia, percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem à fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (D. 206).
A palavra MISERICÓRDIA (no grego: éleos; no hebraico: Hesed) tem origem latina e é formada pela junção de duas palavras: miserere (ter compaixão) e cordis (coração), em outras palavras podemos dizer que MISERICÓRDIA é uma “Ação do Coração”. Na Festa de hoje recordamos e celebramos justamente isso: a ação misericordiosa do Coração de Jesus por toda humanidade. Ele mesmo afirmou isso quando em uma das aparições a Santa Faustina, revelou-se, como vemos na Imagem, com o coração aberto: “Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão. Toda alma que crê e confia na Minha misericórdia irá alcançá-la”(D. 420; cf. 1042; 1073).
Nós, Família Religiosa da Sagrada Face, somos convidados a sermos Apóstolos da Divina Misericórdia. A bem-aventurada Maria Pia Mastena entendeu isso. Ela sabia que não se podia separar a devoção à Sagrada Face da devoção ao Sagrado Coração, por isso que inúmeras vezes ela, em seus escritos, dirige-se a este Coração. Mastena sabia que aquilo que expressamos no rosto é o que brota do mais profundo do nosso ser e com Jesus não podia ser diferente. A sua Santíssima Face era uma expressão viva dos sentimentos mais profundos do seu Santíssimo Coração. Essa certeza fazia com que Mastena desejasse ardentemente permanecer unida ao Coração de Jesus: “Unir-se coração a Coração com Jesus. Viver ao lado de Jesus... E Jesus viva em mim, sempre em mim... Sempre em meu coração!”. As chamas deste Coração eram para Mastena seguro refúgio, lugar de purificação, e altar onde ela mesma se oferecia inteiramente para a salvação da humanidade:“Permanecer fechada naquele amabilíssimo Coração, tenho intenção de oferecer a cada instante, tantas vezes quantos são os instantes que constituem a eternidade, o meu coração, o meu corpo, o meu espírito, a minha vontade, colocando tudo entre as ardentíssimas chamas daquele Divino Coração, para que tudo seja imolado para a sua glória e pela salvação do mundo...”.
O amor por Jesus era para Mastena combustível que a impulsionava para a humildade e não reconhecimento nas obras caridade, que a motivava nas dificuldades encorajando-a a não desistir nos pequenos fracassos cotidianos, mas antes de tudo oferecê-los a Jesus em reparação da tibieza de tantas almas: “Mortificar o desejo do reconhecimento nas obras de caridade é sofrer em união com o Sacratíssimo Coração de Jesus, tratado com tanta ingratidão, toda desatenção que, infelizmente, quase sempre aparecem depois de uma obra de bem”. O seu amor ao Coração de Jesus não era um amor egoísta. Não queria ela esse amor apenas para si mesma, era seu desejo que também outras almas fizessem a mesma experiência transformadora, por isso afirmava com tanto fervor: “Jesus meu, eu te amo... Amo-te! E, ao pronunciar estas palavras, queria que o meu coração ficasse inflamado, destruído pelo teu divino fogo. Queria que todos os corações ficassem envolvidos entre as chamas do teu Amor!”.
Sejamos Apóstolos desse Amor, façamos nossa a missão confiada por Jesus a Santa Faustina: A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na Terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia.” (D. 570); “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. [...] Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha misericórdia.” (D. 699).
Olhemos para a Face de Jesus na cruz, cuja expressão é de profunda dor... desçamos o nosso olhar e contemplemos o lado aberto pela lança, o Coração transpassado do qual jorrou sangue e água. Face e Coração... Expressão externa e interna desse amor misericordioso! Corramos à fonte e saciemos a nossa sede de amor, e com Madre Mastena exclamemos: “Beber, beber continuamente lá, na fonte do divino amor. Inebriada pelo precioso vinho que germina as virgens, sacia na fonte da imaculada pureza, como não correr sobre as pegadas do Esposo Divino, seguindo-O... em tudo? Ó Jesus dá-me, dá-me do teu vinho; dá-me a água puríssima que jorra do Teu Coração transpassado!”

 “Ó sangue e água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em vós!”

Dannilo Luiz Rocha
Noviço dos Religiosos da S. Face
Fortaleza-CE

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